22 anos, estudante de Ciências Econômicas da UFSM, trabalha na empresa
júnior Acej e é Bolsista na Reitoria, natural de Santa Maria.
"Conheci pelo convite para
integrar o grupo da JuNF no Facebook. É ótimo poder conversar e debater as
demandas e dificuldades vividas por nós mulheres negras. É um grupo onde
sabemos que vamos ser bem acolhidas, e eu me sinto assim."
"No momento só
tenho certeza que quero me formar. Mas quero fazer outra faculdade, talvez
jornalismo, ou relações internacionais... não sei!"
- Como você se sente sendo mulher negra e enfrentando todos os dias a tríplice discriminação de raça/gênero/classe?
"Bom, acho que sofremos racismo quase todos os dias,
pois quase sempre temos tratamento diferente das pessoas brancas que habitam o
mesmo ambiente, as pessoas sempre dão um jeito de lembrar que você é preta.
Bom, mas o que mais me marcou foi na escola. Não
lembro qual era a discussão na sala de aula, estava conversando com uma colega,
mas provavelmente deveria ser sobre preconceito, a aula estava bem disperça.
Então, em meio a tanto falatório, uma colega fala em aaalto e bom tom: - Eu não
gosto de preto. Confesso que eu me fiz de louca, que não tinha ouvido. Mas ela
repetiu, do mesmo jeito, até todos se calarem e olharem pra ela, e logo depois
pra mim, que era a única negra.
Ela disse mais alguma coisa, que não vou lembrar.
Claro eu me senti mto mal, constrangida, todos estavam me olhando esperando uma
reação. E eu disse: - Problema dela. Fiz uma cara de indiferença.
A professora ficou tão chocada quanto eu e disse: -
Você não pode ser assim. Não lembro do resto.
Mas ficou por isso, todos levaram aquilo como se não fosse
nada grave, inclusive eu, que ainda continue falando com ela.
E ali morreu o assunto. Não pra mim, é claro.
O interessante dessa menina racista, é que ela tinha
o mesmo padrão de vida que o meu, morava na periferia, freqüentava as mesmas
“festas de preto” que nem eu, tinha tantos amigos negros quanto eu, e sempre
falou comigo normalmente. Até hoje eu não entendo. Minha teoria é que a
família, de origem alemã, passo isso pra ela, não sei.
Vou excluir ela do meu facebook logo depois que eu
terminar de responder o questionário."
"Na época eu deveria ter ido até a
diretoria e denunciado esse ato de racismo. E a professora deveria ter dado uma
resposta muito mais educativa pra ela. O que não ia acontecer, pq a maioria dos
professores não sabe falar sobre racismo em sala de aula, e nem querem. E é claro,
eu deveria ter dado uma resposta melhor. Mas provavelmente eu não tinha uma
resposta melhor do que aquela, ainda era muito alienada."
Acompanhe a o blog da JuNF e mantenha-se atualizado para conferir as próximas minibiografias!
Beijos!
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