24 anos, enfermeira e musicista. Trabalha no
Projeto Social Acorde com Arte/ Orchestrarium. Nascida em Jaguari (RS), depois
de morar em várias cidades, mudou-se para Santa Maria em 2002 para estudar no
Colégio Militar e acompanhar seu irmão mais velho na cidade.
“Conheci a JuNF através do convite da
Geanine pelo facebook, e tenho acompanhado desde o início as atividades, apesar
de nos últimos dias estar ausente. Me sinto identificada e representada na
JuNF, e já pude rever muitos conceitos e pré-conceitos que me acompanham. Mas o
mais interessante é que é possível perceber que nós, enquanto negras, mulheres
e jovens, de distintas formações e filosofias, podemos SIM nos tornar mais
fortes através desse grupo e das discussões propostas.”
“No futuro espero estar mais presente
nas atividades da JuNF. E quanto aos meus planos pessoais, desejo estudar mais
sobre música para poder trabalhar com a arte do canto coral de grupos negros.”
“Me sinto orgulhosa e vencedora em ser
mulher negra. Muitos lutam e não conseguem força/apoio suficiente para seguir
em frente, e desistem, acabam deixando seus sonhos e seus ideais, em virtude
das dificuldades e desafios que encontram no caminho. A grande maioria das
mulheres negras, no Brasil, não conseguiram terminar o ensino médio. São as
mulheres negras e jovens que estão mudando essa história, ingressando no ensino
superior, planejando suas carreiras, conquistando espaço e buscando uma
história diferente das suas antepassadas.”
Cite
um caso de racismo que você sofreu e como você se sentiu:
“Uma das situações mais chocantes foi
ano passado. Eu estava na cidade de Ivorá, na rodoviária, esperando o ônibus
para retornar a Santa Maria, depois de um dia de trabalho. Havia ali uma
senhora branca, de aproximadamente uns 60 anos, e uma senhora negra, que devia
passar dos 80 anos. A senhora NEGRA olhou para mim e me perguntou se eu era a
‘secretária’ da senhora branca. Respondi que não. Ainda insatisfeita com minha
resposta, perguntou à outra Senhora, se eu era sua secretária. Ela também
negou. Naquele momento eu fiquei paralisada. É muito comum esperar uma atitude
como essa de pessoas não negras. Mas não foi o que aconteceu ali.Demorei um
certo tempo para entender que aquela senhora negra deve ter vivido em um tempo
em que negro só servia para ser “secretários e serviçais”, mão de obra
escrava.”
Poderia
citar um exemplo de resposta e até mesmo de denuncia a esse episódio sofrido?
“Com sinceridade, eu acredito que essa
senhora precisaria ter a sua autoestima trabalhada. Demorei para constatar
isso, mas ela certamente tem uma autoestima tão prejudicada pelo sistema que
ela se enxerga do modo como os seus exploradores desejam. E trabalhar a
autoestima dela e dialogar sobre suas vivencias seria muito mais do que uma
resposta ou denuncia. Seria um resgate, pessoal e coletivo. E também um
aprendizado.”
Acompanhe a o blog da JuNF e mantenha-se atualizado para conferir as próximas minibiografias!
Beijos!